WOODSTOCK


Woodstock

Um mês depois de o homem pisar na Lua, aconteceu na fazenda de leite alugada de Max Yasgur, em Bethel (com 2.300 habitantes, não comportava o evento), NY, costa leste dos EUA, o Woodstock Music & Art Fair, ou como é mais conhecido, Festival de Woodstock, aconteceu entre os dias 15 e 17 de agosto (6ª a domingo) de 1969 e completa 40 anos nesse ano de 2009.

Foram 3 dias (muita gente permaneceu acampada depois do evento. E consta que Jimi Hendrix tocou às 9 hs da manhã de 2ª feira, dia 18) de sexo livre, drogas, rock’n'roll, cenas de nudismo, confrontando todas as regras do stablishment. Pode ser considerado o auge da contracultura e da era hippie, culminando com o fim da década, que se tornava difícil e confusa.  Em 21 de agosto de 1969, os tanques soviéticos invadem Praga para reprimir protestos de aniversário da invasão de 1968. A guerra do Vietnã em escalada, o assassinato de Sharon Tate e de seus amigos pela família Manson – o assassinato de Martin Luther em Memphis, Tenessee, e ainda a morte de Robert Kennedy, também abatido a tiros, ambos em 1968 – foram eventos emblemáticos desse tempo. E em 5 de dezembro durante o concerto dos Rolling Stones em Altamont, Califórnia, os Hell’s Angels, contratados para fazer a segurança do evento, assassinam o jovem negro Meredith Hunter, que assistia ao show. Década de extremos.
O Festival de Woodstock foi uma celebração à chegada da Era de Aquário, e nada representava melhor do que isso, o significado dessa Nova Era. Ou melhor, um outro evento que culminou em 20 de julho de 1969, carregava em si o mesmo simbolismo: a chegada do Homem (da Humanidade) à Lua. Outra utopia que se tornava realidade. O homem saltou de seu último limite terrestre, a conquista do Everest, em 1953 (Edmund Hillary e Tenzing Norgay), para o espaço exterior, o lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputnik (1957), e as primeiras naves do programa espacial soviético. E com a motivação da Guerra Fria, os anos 60 dão início a uma nova utopia. Em 1961, o presidente John Kennedy, lança o desafio de colocar astronautas na Lua ainda na década de 60. Isso é muito pós-moderno. Sua morte não modificou o roteiro do Programa Apollo – principalmente a Apollo 8 (representa a partida, porque colocou humanos além da órbita terrestre baixa); a Apollo 11 (representa a chegada, o objetivo alcançado); e a Apollo 13, pela epopéia que foi o retorno à Terra – que teve 17 missões, todas bem sucedidas (menos a Apollo 13, que mostrou a todos o nível de aventura que eram aquelas viagens).  Os soviéticos mudaram seu programa por causa do fracasso de seus foguetes para missão desse porte e passaram  a investir em vôos de longa duração em órbita baixa, que se mostrou muito eficaz nas experiências de permanência no espaço e suas implicações no organismo humano.
Não há nada mais representativo do simbolismo da Era de Aquário do que a imagem da própria Terra flutuando no imenso vazio, vista do espaço.

Quando a imagem foi divulgada aqui na Terra, o poeta Archibald MacLeish escreveu no “New York Times” : “Ver a Terra como ela realmente é, pequena e azul e bela naquele eterno silêncio em que flutua, é ver-nos como viajantes juntos sobre a Terra, irmãos nesse brilhante afeto em meio ao frio eterno – irmãos que agora se sabem realmente irmãos”. No livro “Nascer da Terra: como o homem viu a Terra pela primeira vez”, 2008, Robert Poole acredita que esse evento “é o nascimento espiritual do movimento ambientalista”, porque “é o momento em que o sentimento da era espacial deixou de ser o que ela significava para o espaço para ser o que significa para a Terra”.
O Festival de Woodstock foi projetado para 50.000 pessoas, chegaram 500.000 jovens,

daí o caos nas rodovias (os 160 km de estrada que liga Nova York a Bethel eram percorridos em mais de 8 hs, com gente abandonando seus carros nos acostamentos (?) e seguindo a pé) e na infra geral de produção, como alimentação e toaletes, compensados pela constelação de artistas que se apresentaram e pelo espírito de confraternização e da filosofia de paz e amor.

Mesmo com a chuva que caiu no 2º dia, o que se viu foi tudo se transformar em brincadeira, todo mundo escorregando na lama, batucando com o que encontravam pela frente.

Não houve pânico nem violência. Muitas mães levaram suas crianças ao festival.

Pessoas da região cooperaram com doações de frutas, sanduíches e enlatados, o que não significava de forma alguma que esses alimentos chegariam ao seu destino, por causa de fatores como o tráfego, para citar apenas um. Todos os espaços da fazenda foram tomados. A cobertura médica teve a participação de 70 médicos e 36 enfermeiras, que realizaram mais de 6.000 atendimentos, sendo que os casos mais graves eram levados de helicópteros para os hospitais. Morreram 3 pessoas, sendo 1 caso de overdose de heroína, 1 atropelamento por trator e 1 por crise aguda de apendicite. Houve também o nascimento de 2 crianças. 600 homens cuidaram do policiamento, entre seguranças contratados e policiais voluntários, que diante de tal situação, tiveram que fechar os olhos para os excessos de consumo de drogas e sexo livre.

Quem abriu o Festival foi Richie Havens com seu violão de 12 cordas.
Foi tocando até não ter mais músicas, então resolveu improvisar sobre uma música chamada “Motherless Child”, acrescentando a palavra ‘freedon’ e repedindo-a à exaustão, criou a empolgante “Freedon”, como ficou conhecida a canção, e sua performance foi incluida no álbum e no filme oficiais do festival. A produção tentou levar Beatles, Bob Dylan, The Doors, Led Zeppelin e Frank Zappa, mas não conseguiu. No caso dos Beatles, John impôs a condição de incluir a participação da Plastic Ono Band, o que fez com que a produção retirasse o convite. Apresentaram-se Jimi Hendrix, Janis Joplin (precisou de apoio para entrar no palco), Santana, The Who, Joan Baez, Joe Cocker (outro que entrou chapado, mas quem não ?)

Jefferson Airplane (acima), The Band, John Winter, Country Joe & The Fish, John Sebastian, Tim Hardin, Ravi Shankar, Arlo Guthrie, Canned Heat, Sly & The Family Stone, Grateful Dead (que teve problemas no som durante a apresentação, e porisso ficou fora do álbum que foi lançado posteriormente), Creedence Clearwater Revival, Crosby, Still, Nash & Young, Sha-Na-Na, Paul Butterfield Band, The Incredible String Band e outros.
Um dos melhores momentos foi Alvin Lee (Ten Years After), em sua performance de “I’m Going Home”.
O Festival de Woodstock foi o estopim para que nos anos 70 houvesse uma explosão de reinvindicações de minorias étnicas e sexuais, de forma jamais imaginada pela sociedade norte-americana. Revoluções comportamentais, sexo alternativo (com respaldo das pílulas anticoncepcionais). O evento foi tranformado em documentário inovador (aparição simultânea de vários quadros na tela) por Michael Wadleigh. Foi lançado em 1970 e ganhou Oscar de “Melhor Documentário” de 1971. E graças ao filme - que íamos ver repetidas vêzes, em bando e chapados -  pudemos ter uma dimensão do que foi. O desbunde de Woodstock é pura contestação e ativismo. Cito Tom Wolf mais uma vez nesse blog, que chamou a década de 60 de ”We Decade” e a década seguinte de “Me Decade”, para concluir que finalizava ali em Woodstock uma era de experimentações e força criativa para dar lugar a uma egotrip voltada para a ascensão profissional e social e o rock sendo controlado pelo mercado. Quando Lennon disse “Dream is Over”, referia-se a isso. Embora exista uma discussão entre aqueles que afirmam  que 1968 e eventos como os festivais e o Movimento Hippie e os anos 60 não tenham contribuido para mudanças duradouras, digo apenas que ainda hoje, de alguma forma vivenciamos as mudanças ocorridas nesse tempo (v. Hippies ), inclusive para o fim da guerra do Vietnã e suas consequências positivas – porque eram pacifistas e sua exposição na mídia influenciou movimentos estudantis (não apenas eles) pela paz e pelo fim da guerra, e levando também em conta que a mesma mídia colocava imagens horrorosas da guerra na sala de jantar da classe média norte americana, ou seja, a opinião pública – também em relação aos direitos civis e minorias étnicas e sexuais, que se organizaram e foram à luta por seus direitos.

Grandes performances aconteceram. Talvez, o ponto máximo tenha sido quando Jimi Hendrix tocou o hino americano com sua guitarra imitando sons de bombas, metralhadoras e aviões e transformando sua performance num gesto ritualístico, ao botar fogo em sua guitarra.

Um museu foi criado no local onde aconteceu o festival. O Museu de Bethel Woods, inaugurado em junho de 2008.

O que foi o festival de Woodstock e quais foram os shows?
O Festival de Música e Artes de Woodstock aconteceu entre 15 e 17 de agosto de 1969 e foi o mais importante festival da história do rock. Foi realizado em uma fazenda em Nova York e, apesar de elaborado para 50 mil pessoas, foi visto por mais de 400 mil e tornou-se um marco da era hippie e da contracultura da década de 1960. Confira abaixo os shows:
Sexta-feira, 15 de agosto
Richie Havens
Country Joe and the Fish
John Sebastian
Incredible String Band
Sweetwater
Bert Sommer
Tim Hardin
Ravi Shankar
Melanie
Arlo Guthrie
Joan Baez
Sábado, 16 de agosto
Quill
Santana
Canned Heat
Mountain
Janis Joplin
Sly & the Family Stone
Grateful Dead
Creedence Clearwater Revival
The Who
Jefferson Airplane
Domingo, 17 de agosto
Joe Cocker
Country Joe and the Fish
Ten Years After
The Band
Blood, Sweat & Tears
Johnny Winter
Crosby, Stills, Nash & Young
Paul Butterfield Blues Band
Sha-Na-Na
Jimi Hendrix

Posted by DJ BURP | às 12:56

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