DC COMICS


O Início

De Superman a Sandman. Da Detective Comics à Zuda Comics. Das coletâneas de tiras à tradução de mangás. Dos super-heróis às autobiografias. De Siegel e Shuster a Alex Ross. De Batman a Batman.
A vida da DC Comics começa no nascimento das revistas em quadrinhos nos EUA, segue para a criação dos super-heróis mais icônicos do século XX e continua com um projeto editorial de décadas baseado em absorver para si, constantemente, as melhores tendências e expressões das HQs de cada época. São 70 anos como uma das maiores editoras de quadrinhos do mundo.
1934

Apesar de 1938 ser considerado o verdadeiro marco da DC, com o lançamento do Superman em Action Comics #1, a editora deu seus primeiros passos em 1934, com o nome National Allied Publications. Malcolm Wheeler-Nicholson (1890-1968), um empresário da imprensa que já havia trabalhado com tiras de jornal, resolveu criar uma revista em quadrinhos somente com material novo – ao contrário das existentes até então, que só juntavam material dos jornais. New Fun #1 saiu em fevereiro de 1935.
1937

O sucesso da idéia o fez testar novas séries. Detective Comics, lançada em março de 1937, foi a primeira revista em quadrinhos dedicada a um só tema. Neste período, Wheeler-Nicholson foi forçado, por conta de dívidas, a associar-se com tubarões do mercado editorial e de distribuição, Harry Donenfeld (1893-1965) e Jack S. Liebowitz (1900-2000). O fundador logo deixou a empresa, que passou a chamar-se simplesmente National Comics – embora a editora viesse a usar o selo DC nas suas capas por décadas a fio.
1938

O ano seguinte, 1938, vê o lançamento da Action Comics #1, estréia de um super-herói de colante azul e vermelho famoso desde então. Em 1939, Detective Comics #27 revela um personagem sombrio em uniforme de morcego. O sucesso de ambos garante os títulos solo apenas um ano após suas primeiras aparições.
Até 1950

O período que vai até 1950 é chamado pelos historiadores de Era de Ouro dos Quadrinhos. Foi o grande boom dos super-heróis, com a DC lançando personagens como Mulher-Maravilha, Flash, Gavião Negro, Lanterna Verde, Aquaman, Arqueiro Verde e a associação de vários deles na Sociedade da Justiça. Ler super-heróis norte-americanos, alguns diretamente envolvidos na II Guerra Mundial (1939-1945), nas páginas do papel jornal era a forma da garotada da época exercer seu patriotismo.
1954

O fim da Guerra trouxe um período de vacas magras. No início da década de 50, a DC tinha cortado grande parte da sua linha de super-heróis e apostava em gêneros diversos como ficção científica, western, humor, romance, policial e terror. Em 1954, o livro A Sedução do Inocente, do psiquiatra Frederick Wertham, denuncia que Batman e Robin são homossexuais, Mulher-Maravilha é lésbica e que há um claro ménage-à-trois na relação Superman/Lois Lane/Clark Kent. O alerta aos pais vira problema governamental, e a indústria de quadrinhos passa a policiar-se por um Código de Ética auto-imposto, cortando tanto excessos quanto parte da criatividade das HQs.
1956

As coisas começam a mudar em 1956. O editor Julius Schwartz (1915-2004) é incumbido de ressuscitar os antigos super-heróis da editora, mas decide dar-lhes nova roupagem. Um novo Flash, com uniforme reformulado e outra identidade secreta, aparece em Showcase #3 e é seguido por um novíssimo Lanterna Verde em Showcase #22 (1959). O debut da Liga da Justiça da América em The Brave and The Bold #28 (1960) é a consagração deste renascimento dos super-heróis.
1967

É o mesmo período em que a concorrência começa a apertar. Stan Lee e Jack Kirby lançam o Universo Marvel com o Quarteto Fantástico e uma série de outras criações a partir de 1961. A DC não está preparada para competir com a concorrente, que parece mais antenada com as transformações na sociedade norte-americana – e por isso vende mais.
A resposta só começa em 1967, quando o desenhista Carmine Infantino é apontado como diretor editorial e decide revolucionar o visual da DC. Ele contrata figuras como Joe Kubert e Dick Giordano não apenas para desenhar, mas também para buscar novos talentos. O desenhista Neal Adams e o roteirista Denny O’Neil – que produziriam clássicos como Lanterna Verde/Arqueiro Verde e ótimas histórias de Batman – são contratados nesta época.
1969

Em 1969, a DC torna-se parte do conglomerado da Warner Bros. Entertainment. É o início de uma sucessão de ações de risco, como a compra da Quality Comics (em 1956) e da revista Mad (1964), o licenciamento de Batman para a famosa série de TV na Fox (1966-1967) e, posteriormente, a compra dos personagens da Fawcett (como Capitão Marvel, anos antes processado por ser “plágio” de Superman), a criação do desenho animado Superamigos (1973) e o início da produção de Superman: O Filme, que chegaria às telas em 1978. A brincadeira agora é de gente grande, e não está mais restrita às páginas de quadrinhos.
1976

1976 é o ano da Explosão DC. Jenette Kahn assume o comando editorial e decide encher o mercado de novas séries, novos personagens e novos criadores. Nem todos dão certo: a Warner, inclusive, intervém e sumariamente cancela uma batelada de séries, mas o influxo de novas caras muda o pensamento da DC. No início dos anos 80, um novo plano de negócios concede royalties (participação nos lucros) aos criadores, algo que nenhuma editora fazia até então. As vantagens atraem gente como Marv Wolfman e George Pérez, que lançam o maior sucesso da época, Os Novos Titãs.
1985 e 1986

Mais e mais criadores começam a ser atraídos pela DC, o que leva os editores a tomarem uma decisão drástica: é preciso dar uma limpada nos quase cinqüenta anos de confusa cronologia do universo de heróis, para não afugentar leitores. Crise nas Infinitas Terras, uma minissérie que toma 1985 e 1986, dá reset no Universo DC e permite o relançamento de Superman (por John Byrne), Batman (Frank Miller), Mulher-Maravilha (George Pérez) e outros.
1988

O período também é marcante para a história dos quadrinhos como um todo. Frank Miller lança O Cavaleiro das Trevas, logo seguida por Watchmen de Alan Moore e Dave Gibbons. Marcos da narrativa na HQ, as duas minisséries abordam temas adultos no universo infantil dos super-heróis, criando uma tendência que toma conta da indústria. Como quem faz isso melhor são os ingleses como Moore, a DC vai até a Europa contratar autores. O Sandman (1988) de Neil Gaiman e a graphic novel Asilo Arkham de Grant Morrison e Dave McKean são os grandes expoentes da chamada “invasão britânica”.
1990

Os anos 90 são tanto momento de expansão da linha quanto dos famosos “mega-eventos” para atrair vendas. Superman é tragicamente morto em 1992, Batman é aleijado em 1993, o Lanterna Verde enlouquece em 1994, Superman (renascido) casa-se em 1996...
Enquanto isso, em outros escritórios da DC, são criadas linhas como a Piranha Press (quadrinhos alternativos, por ilustradores de diversas formações), a Vertigo (terror e fantasia estritamente para adultos), a Milestone Media (uma linha só de criadores negros, voltada para promover heróis afro-americanos), a Paradox Press (ficção histórica, reportagem e outros estilos que não se encaixam no resto da DC) e, por fim, a compra da linha Wildstorm (todo um universo de super-heróis, bem como sublinhas, anteriormente administrado pelo autor Jim Lee na editora Image).
2000

A expansão continua no início do século XXI. Em 2000, a DC passa a republicar toda a obra de Will Eisner, um dos luminares dos quadrinhos norte-americanos. Em 2004, adquire direitos de publicação de quadrinhos japoneses (criando a linha CMX), ingleses (2000AD) e franceses (Humanoides). Em 2007, as linhas Minx – HQs voltadas para garotas – e Zuda – webcomics – chamam atenção do mercado pela inovação. O novo diretor, Paul Levitz, a partir de 2002, está focado em encontrar novos modelos de publicação para manter os quadrinhos em um mercado que perdeu milhões de leitores em poucos anos e que agora precisa atraí-los de volta.

Hoje

A DC de 2008 é extremamente diversa. Ver um catálogo mensal de publicações da editora é descobrir todo um leque de visões e interpretações do super-heroísmo, dos clássicos aos modernosos e alternativos. Conhecer linhas dedicadas a crianças, a adolescentes e a adultos. Crítica política e social, ficção histórica, ficção científica, autobiografia, policial, terror, humor e gêneros que desafiam a classificação. A cada mês um novo nome despontando nos créditos, junto a figuras tarimbadas como Joe Kubert, Jim Shooter, Frank Miller e Sergio Aragonés. A exploração de novos formatos, como o da maxissérie semanal “52”, o investimento em coletâneas (tanto de material antigo quanto novo) para abastecer as livrarias como novo e forte ponto-de-venda, e a segurança de que Superman, Batman, Mulher-Maravilha e outros estarão sempre presentes defendendo a justiça mundial.

Posted by DJ BURP | às 13:33

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